Inspirações para seu Negócio

Notas de empreendedora__

Notas de uma empreendedora

Acabei de passar os últimos dez minutos administrando uma descompensada de nervos braba. Seguida de um tempo razoável procurando por algo que eu sei que tenho – mais de uma inclusive – e que, no entanto, não faço ideia de onde está. E isso me levou a escrever esse texto.

Desde que me conheço por gente ouço as pessoas ao meu redor dizerem que eu “penso demais”. E durante boa parte da minha vida achei que isso era um problema pessoal. Que só eu não conseguia controlar para onde iam meus pensamentos e ideias. Hoje em dia isso está diagnosticado como a tal da ansiedade. Mas há alguns anos eu entendi que posso usar isso a meu favor. Um dos frutos disso foi a abertura do meu primeiro negócio, aos 26 anos. “Bora colocar esses pensares para uso!” – Dizia eu para mim mesma.

Depois de muitas abas de internet abertas, dúvidas e ligações, tirei meu certificado de MEI (Micro Empreendedor Individual). E assim, abri minha primeira empresa. Comecei movida a base de paixão por uma ideia, torcida familiar, cara de pau e muita troca com fornecedores, clientes, parceiros, etc. Aos poucos, unindo conhecimentos prévios e outros aprendidos na base de surra de erros e tapas em acertos, fui criando os sistemas necessários para não me afogar na piscina de trabalho que construía. Isso incluiu, entre outras coisas, a contratação de um estudante de contabilidade para me dar aulas de porcentagem e fração. Logo eu, que já não era lá essas coisas em exatas na escola, agora precisava dessas ferramentas para dar conta, literalmente, das contas.

E assim segui, mantendo um negócio que estruturalmente exigia de mim conhecimentos, na época, complexos. Estes iam desde precificar produtos corretamente e criar material gráfico no Photoshop até administrar cronograma de entrega de produção artesanal. Este último, considerando a chuva que deixou a oficina da artesã sem luz por um mês, logo antes da janela das vendas de natal começarem.

Eu estava aprendendo ao mesmo tempo que vinham as necessidades. Era dona, gerente, produtora, vendedora, relações-públicas, modelo, compradora, web designer, contadora, criava mídia e ainda tirava de psicóloga de todas essas “eus” funcionárias. O setor de RH bombava semanalmente. E assim, madrugada a madrugada de etiquetagem e monólogos intermináveis com minhas tabelas do Excel (e, não vou mentir, algumas lágrimas) pouco a pouco meu negócio crescia. E eu crescia junto. Ou vice e versa.

 A vida seguiu e acabei me mudando para fora do Brasil. Ainda mantive o negócio por quase 3 anos. Mas, com a chegada da pandemia, precisei dar fim a empresa. Algo que meu coração também já não sentia ser o melhor para mim naquele momento. De tudo o que vivi e aprendi, algumas coisas ficaram claras para mim.

– Tempo é o meu bem mais valioso, então quero passar ele com pessoas que me enriqueçam e eu possa enriquecer a existência delas. 

– Bom humor, estrutura e consistência, estão na base de uma vida profissional saudável.

– Sou uma criadora de pontes entre pessoas, ideias e projetos. E não tem como eu fugir disso nem que eu queira. Quem convive comigo sabe…

Mais de uma década depois, me encontro em um novo país com uma vida completamente diferente. Cheia de experiências boas e ruins adicionadas à mochilinha da vida. No início de mais uma aventura movida a base de amor por uma ideia e minutos após ter administrado uma crise de ansiedade.

E por que cargas d`água uma pessoa começa um blog para empreendedores dizendo que estava descompensada? A gente não devia só pintar cenário de sucesso para ser bem-sucedido? Primeiro porque é verdade, e meu trabalho não funciona se as partes menos divertidas de empreender solo ficarem de fora da conversa. Depois, porque o importante não é que fiquei descompensada. O importante é que passei por isso e agora estou aqui com você. O que eu não mencionei foi que ao voltar do meu momento “inspira, respira, não pira”, já mais calma, as ideias começaram a surgir. E eu vim correndo para a minha mesa colocar no papel um desenho necessário para uma apresentação. Estava indo super bem. Linda, leve e criativa. Afinal, dei a volta por cima! Quando precisei passar cinco minutos procurando por uma borracha. Sim, uma bendita borracha. Fato que quase me lançou a um estado intenso de: “comoéquevoudarcontadascoisassenemuma&%!*#deborrachaeuacho!?”. Mas, quando estava há uma respiração de pirar novamente, senti uma onda de clareza surgindo em minha mente. E me permitindo dar uma guinada de 180 graus, percebi que valia mais a pena aprender do que sofrer. Afinal, eu já tinha sofrido. Que tal dar uma variada e tentar algo diferente? E por uma graça, que não sei de onde veio. No meio desse rolê, encontrei a inspiração e motivação que me faltavam para fazer esse texto. Por sinal, no tempo de escrevê-lo eu achei a borracha.

O que quero dizer com tudo isso, é que mais importante do que o quê acontece com a gente, é o que a gente faz com o quê acontece com a gente. Meu dia podia ter ido por água abaixo. Quem sofre com ansiedade sabe como às vezes a reação do corpo a uma linha (ou nó) de pensamentos pode te deixar. É mão suando frio, rosto formigando, pizza de suor se formando debaixo do braço, o céu é o limite. E tudo ao mesmo tempo, quando o que a gente mais precisa é ficar “zen”.

Depois de uma vida com crises de ansiedade, percebi que é possível usar isso a meu favor. Seja para aprender sobre limites e fontes de energia até entender melhor a dor do outro. E especialmente, na montagem de estruturas que unam a vida profissional e pessoal, abraçando o todo, ao invés de ignorar as partes difíceis. Sinto que assim a vida fica bem menos sofrida, além de mais interessante e produtiva.

Termino esse texto com uma dica que considero de ouro: usem lapiseira! Elas sempre vem com a borrachinha na ponta!

Até a próxima!

Dora,
A Empreendedora